Projetos de Jundiaí, Benevides e Fortaleza vencem Prêmio Cidade Caminhável [Por onde andamos em julho]
Em julho, vimos como é a proximidade em diferentes bairros brasileiros no desafio #15MinutosaPé e fizemos contagem de pedestres na Liberdade
Conheça as vencedoras do Prêmio Cidade Caminhável 2023!
Cidades Pequenas (até 100 mil habitantes): Projeto Rua da Gente — Benevides, Pará
O projeto Rua da Gente consiste na abertura de ruas para brincar no centro da cidade todos os sábados e domingos das 18h às 22h, incluindo trecho de rodovia estadual. O horário pode parecer peculiar em outras regiões do país mas, devido ao calor, é quando há condições para que as pessoas saiam ao ar livre. A iniciativa, que começou em 2021, foi o pontapé das políticas de primeira infância na cidade, e culminou no plano municipal da primeira infância.
O projeto proporciona a relação entre as pessoas e a cidade, estimulando o brincar livre e a diversão de crianças e adultos, devolvendo as ruas para as pessoas, fortalecendo a identidade do território local, principalmente através do resgate de brincadeiras de rua, o que oferece autonomia e segurança.
O projeto teve como parceiras a iniciativa Urban95, o CECIP (Centro de Criação de Imagem Popular) e a organização paraense de urbanistas Laboratório da Cidade.
Para a jurada Gessica Macamo, além da iniciativa já estar em curso e impactar todas as pessoas da cidade, outro ponto forte é que está em processo de se tornar um projeto de lei e, assim, se expandir e se consolidar.
Cidades Médias (de 100.001 a 800 mil habitantes): Projeto Plano de Bairro Novo Horizonte e Região — Jundiaí, São Paulo
O projeto Plano de Bairro Novo Horizonte e Região, realizado pelo Departamento de Urbanismo da Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, desenvolveu de forma participativa um plano de bairro com foco na infância, estruturado em quatro metas e 31 ações previstas.
Uma das ações foi o mapeamento dos percursos da infância com o objetivo de priorizar investimentos para mobilidade ativa, segurança viária, sinalização, arborização, intervenções lúdicas e acessibilidade nessas rotas. Na construção do plano, foi identificado, por exemplo, que apenas 40% das crianças vão a pé para a escola. No entanto, dentre as 60% que não vão caminhando, 1/3 afirmou que iria a pé se as calçadas fossem melhores e se o caminho tivesse sombra. Assim, o plano tem ações para estímulo do caminhar no bairro, desde arborização até o desenvolvimento de rotas lúdicas.
A iniciativa é mais um exemplo na cidade que está se destacando no país pela visão integral sobre a infância e a intersecção com os projetos urbanos. A jurada Circe Monteiro destacou a participação da população e a indicação de ações concretas para a transformação do bairro, que podem inspirar outras regiões a desenvolverem planos e ações a partir das identidades e necessidades locais.
Cidades grandes (mais de 800 mil habitantes): Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento (Proinfra) — Fortaleza, Ceará
O projeto Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento (Proinfra) urbanizou mais de mil ruas com a construção de sistema de drenagem, com galerias e bocas de lobo, pavimentação com piso intertravado e novas calçadas.
A iniciativa viabiliza e promove a melhoria das condições de caminhabilidade da população local, contemplando, sobretudo, crianças, idosos, pessoas com mobilidade reduzida e pessoas com deficiência. Além das condições para caminhar, a iniciativa também melhora as condições sanitárias, a infraestrutura e os serviços básicos da população.
Para a jurada Hannah Machado,o projeto chamou atenção pois é bastante amplo e prioriza áreas marginalizadas, alcançando comunidades e populações vulnerabilizadas, fazendo com que essas mudanças tenham muito impacto. Além disso, ela destacou que a iniciativa não tem somente participação social, mas também contratação de mão de obra local, o que garante envolvimento e aprovação.
Menção honrosa Cidades do Cuidado: Ruas de Brincar — Jundiaí, São Paulo e Caminhos Ancestrais — Jacareí, São Paulo
O projeto Caminhos Ancestrais é pioneiro ao interseccionar raça e caminhabilidade, estimulando e melhorando a prática do caminhar no município e promovendo a valorização de personalidades e movimentos que representam os povos negros e indígenas. Foram requalificadas quatro áreas de uso coletivo, com destaque para memórias e conquistas de personalidades negras e indígenas, através da escolha dos nomes para os espaços e a execução de artes expostas.
Segundo a jurada Taynara Gomes,o projeto de Jundiaí cria um modelo que empodera a cidadania e que pode ser expandido para toda a cidade. Já o de Jacareí dá relevância a personagens importantes da formação do país e cria representatividade de pessoas negras e indígenas nos espaços públicos, o que é urgente no contexto brasileiro.
O anúncio dos projetos vencedores aconteceu no dia 08 de agosto durante a Semana do Caminhar por meio das redes sociais da organização promotora e também no site do Prêmio, onde é possível ver o mapa com todas as inscritas — incluindo as da primeira edição — e conhecer as finalistas.
Desafio #15MinutosaPé — Semana do Caminhar 2023
Lançamos o desafio #15minutos a pé, em que convidamos as organizações parceiras da Semana do Caminhar a fazer fotos e vídeos mostrando quais serviços essenciais encontram a 15 minutos a pé de onde moram.
O engajamento foi ótimo e resultou em vídeos de diversos bairros de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, que mostram as diferenças de proximidade e acessibilidade das regiões.
Clique abaixo para assistir:
Instituto Caminhabilidade — Bairro Santa Cecília no Centro de São Paulo (SP)
Instituto Caminhabilidade — Bairro de Ipanema no Rio de Janeiro (RJ)
TransLab.Urb — Centro Histórico de Porto Alegre (RS)
Formiga-me — Bairro Sumaré em São Paulo (SP)
Brasília para Pessoas — Asa Sul em Brasília (DF)
SonhandoAPé — Regional Barreiro em Belo Horizonte (MG)
SonhandoAPé — Bairro Serra em Belo Horizonte (MG)
Instituto Cordial e Painel Mobilidade — Bairro Granja Viana em Cotia (SP)
Instituto Cordial e Painel Mobilidade — Bairro Lourdes em Belo Horizonte (MG)
SonhandoAPé — Bairro Padre Eustáquio em Belo Horizonte (MG)
A sétima edição da Semana do Caminhar 2023 aconteceu entre os dias 06 e 12 de agosto e teve como tema “Cidades de 15 minutos” para discutir e pensar sobre a questão da proximidade no caminhar e como desenvolver cidades em que seja possível acessar serviços, direitos e comércios a 15 minutos a pé e de bicicleta.
Acesse o site e nossas redes sociais para saber mais!
Demos entrevista para a revista Casa e Jardim sobre as passarelas antipedestres no Brasil
A Diretora Presidente do Instituto Caminhabilidade, Leticia Sabino, deu entrevista para a revista Casa e Jardim sobre os problemas da existência das passarelas de pedestres no ambiente urbano.
Ela comenta como essas estruturas são excludentes, inseguras, caras e ruins para as cidades, e como aumentam as desigualdades para pessoas com deficiência e mulheres com crianças, por exemplo.
“No imaginário popular, tem-se a ideia que elas servem para quem está a pé, mas, na verdade, tiram essa prioridade e servem os veículos motorizados”, afirma Leticia.
Clique AQUI para ler a reportagem na íntegra.
Veja AQUI o artigo que escrevemos para o Caos Planejado sobre as passarelas antipedestres e outras infraestruturas que dizem ser para pedestres, mas que priorizam os carros.
Realizamos análise dos fluxos e de atividades na Liberdade, em São Paulo
Realizamos análises de fluxos no bairro da Liberdade em São Paulo para a Prefeitura de São Paulo avaliar o projeto Ruas Abertas — Liberdade, que propõe, na primeira fase, abrir trechos para pedestres aos domingos e feriados e, na segunda fase, realizar obras viárias permanentes de melhorias do ambiente urbano nas Ruas Dos Estudantes, dos Aflitos, Galvão Bueno, Américo de Campos, Thomaz Gonzaga e Praça da Liberdade-África-Japão.
Os principais objetivos do projeto são a reorganização e melhoria da circulação no local; e melhoria e ampliação dos espaços para socialização/lazer na região. O propósito é estimular a maior apropriação do espaço pelos caminhantes e valorizar o comércio local.
Durante as contagens, percebemos que passam diariamente milhares de pessoas a pé na Liberdade, principalmente nas ruas em que há muitas lojas e restaurantes. Além disso, há muita atividade de comércio informal e pessoas paradas aguardando para entrar nos estabelecimentos de alimentação, o que justifica a abertura das ruas e a construção de mais espaços de descanso e parada. O número de pessoas que circulam por dia caminhando tambémé muito maior que o de veículos, mais um motivo para a readequação do espaço para pedestres.
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A Diretora Presidente do Instituto Caminhabilidade, Leticia Sabino, publicou duas colunas no site Caos Planejado
No artigo “As dinâmicas sociais resistem nas ruas da Índia”, Leticia fala sobre a ocupação das ruas na Índia, e como o país clama por desenhos urbanos que acolham os usos sociais.
“Caminhar e se movimentar na Índia é um exercício de observação e de experienciação intensa que ajuda a entender como as ruas devem acolher, e não ordenar os usos. No país mais populoso do mundo — com população maior que 6 vezes a do Brasil e com menos da metade do território — TUDO acontece nas ruas!”, diz um trecho.
Já no texto “Ô abre alas, que eu quero passar!”, Leticia reflete sobre a hostilidade das pessoas que estão dirigindo com as pessoas que estão a pé.
“Declaro com convicção que não existe nada mais absurdo do que a naturalização desse tratamento! E nem mais perigoso, afinal, em últimas consequências, os números de mortes por atropelamento no Brasil são altíssimos, sendo inclusive a principal causa de morte de crianças de até 14 anos”, afirma.
OUTROS PASSOS
O relatório do projeto Caminhar Afro-Feminino está na biblioteca do Banco Interamericano de Direitos (BID)
O projeto criou e aplicou metodologia participativa que avalia a caminhabilidade com perspectiva de gênero e raça no centro histórico de Salvador.
Ele foi inovador ao agregar ao Plano Turístico Afro-étnico de Salvador a visão de caminhabilidade e desenvolvimento de espaços públicos focados em acolher e representar mulheres negras para gerar territórios mais prósperos e justos.
As participantes foram fortalecidas e empoderadas com ferramentas e conceitos para reivindicar e influenciar a transformação da cidade, e as técnicas e servidoras públicas municipais foram impactadas pela importância da perspectiva de gênero e raça nos projetos urbanos e de desenvolvimento, podendo influenciar projetos futuros.
Acesse a publicação AQUI.
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